Retrômobilismo#94: O sedã do ícone que nunca teve sucesso merecido, Ford Verona até trocou de nome!


Novembro de 1989 a Ford lançava o sedã do Escort no mercado brasileiro, o Verona. O sedã, chegou ao mercado por um acaso. Isso por que a Ford testava o Orion para ocupar o seu lugar, que tinha estilo mais discreto e quatro portas, a Ford acabou optando por um projeto nacional, com um sedã de duas portas, preferência nacional naquela época. No banco traseiro, o Verona tinha um detalhes negativo em relação ao Orion: o encosto traseiro rebatível, mas o Verona tinha um design mais bonito que o Orion, com traseira mais alta e imponente. E era com ele que a Ford pretendia brigar com o todo poderoso Chevrolet Monza, líder do segmento, mesmo que o Verona fosse um sedã compacto e não médio como o Monza. O Verona usava o motor 1.6 8v CHT na versão LX, com comandos de válvulas no cabeçote. O motor desenvolvia 77cv de potência com torque de 12,8kgfm quando abastecido com álcool e 76cv de potência e torque de 11,8kgfm quando abastecido com gasolina, com câmbio manual de 5 marchas.


Já a versão topo de linha, a GLX tinha o motor 1.8 8v AP de origem Volkswagen, que desenvolvia 91cv de potência com gasolina e 99cv de potência com álcool, com torque de 16kgfm. A LX trazia faróis de neblina de série, enquanto a GLX, mais completa, tinha painel de instrumentos com conta-giros, trio elétrico (vidros, travas e retrovisores) e ar-condicionado de série, com teto-solar como opcional. Em 1990 o Ford Verona ganhava "apoio" do Volkswagen Apollo, seu irmão gêmeo. A primeira geração do sedã durou pouco para a época, sendo produzido até o final de 1992, revendendo relativamente bem. A primeira geração foi elogiada pelo baixo consumo e custo-benefício, ele sofria com muitas queixas sobre a fragilidade da suspensão. Entre o fim de 1992 e o mês de Setembro de 1993 o Verona havia sido deixado de ser fabricado, esperando a chegada da nova geração, lançada em Outubro de 1993, já como linha 94. Desta vez, a Ford trazia ao mercado brasileiro o Orion europeu, que aqui continuava com o nome Verona para dar uma sequência ao sedã. A nova geração chegava ao Brasil apenas com carroceria de 4 portas, que era mais aceita pelo consumidor nessa época.





Diferente da primeira geração, a segunda tinha banco traseiro rebatível e estava disponível nas versões GL, LX e GLX, ambas com motor 1.8 8v AP. O motor 1.8 recebia um novo carburador com controle eletrônico de marcha-lenta e o câmbio adotava comando por cabos flexíveis. Suspensão dianteira era aperfeiçoada e a traseira recebia eixo de torção. A direção não era assistida, mas inovava ao trazer relação variável. Com isso, sua potência subia para 93cv de potência com gasolina e torque de 16,1kgfm, que levava o sedã de 0 a 100km/h em 11,9 segundos, com velocidade máxima de 165km/h. Além dessas três versões, a Ford oferecia a topo de linha Ghia, que poderia vir com o 1.8 como com o 2.0i 8v, que desenvolvia 116cv de potência e torque de 17,7kgfm, sempre com câmbio manual de 5 marchas. Essa versão mais cara oferecia novidades como vidros, antena, retrovisores e travas elétricas, rádio digital com CD Player, rodas de liga leve, bancos com ajuste de altura e lombar, volante com regulagem de altura e distância, ar-condicionado e os raros freios a disco nas quatro rodas. Bancos revestidos de couro eram opcionais.


Em Maio de 1994 era lançada a nova injeção eletrônica para o motor 2.0, que equipava o Escort XR3 e o Verona Ghia. Saía de cena a LE-Jetronic e entrava a moderna FIC, que no motor 2.0 aumentava a potência para 122cv de potência e torque de 18,4kgfm. Em 1995 era lançava a série especial S do Verona, que usava o motor 2.0, uma tentativa de deixar o Verona com visual apimentado, ele ganhava itens herdados do XR3 como faróis de neblina dianteiros, bancos Recaro, para-choque dianteiro remodelado, grade do radiador fechada, faróis biparábolas, volante, painel de instrumentos e manopla do câmbio. Em 1996, a produção do Verona e do Escort era transferida para Pacheco, na Argentina, para abrir espaço para a produção do Fiesta em São Bernardo do Campo (SP). Vindo da Argentina, o Verona perdia a versão topo de linha Ghia.


Restavam assim, apenas as versões GL e GLX para o Escort e para o Verona, ambos equipados com motor 1.8. No caso do Verona, ainda restava a versão S, a única que tinha motor 2.0 mas esta estava chegando ao fim de sua produção por se tratar de uma série especial. Com a transferência da produção, o Verona ganhava nova grade frontal oval, que além de visual diferenciado pela volta da grade dianteira, recebia para-choques da cor do carro. Apesar de gosto duvidoso, quem sabe o principal erro da Ford foi ter feito essa mudança a 6 meses da estreia da nova geração do Escort, chamada na Europa de MkVII. Ganhando o sobrenome Zetec no caso do Escort, por algum motivo a Ford mudava o nome de seu sedã, Verona, que passava a ser chamado de "Escort Sedan", como forma de marketing para chamar de "novidade" no mercado, já que as vendas do Verona não eram tão animadoras. Outro motivo é o fim da AutoLatina, onde o Verona era "primo" do Volkswagen Logus, ou seja, para marcar o fim da parceria, a Ford pode ter mudado o nome do sedã.


Trazia motor 1.8 16v com duplo comando e injeção multiponto, desenvolvia 115cv de potência e torque de 16,3kgfm de força, com câmbio manual de 5 marchas, também de origem Ford. Era mais esperto e suave que o antigo motor 2.0 AP, que trazia força ao Escort de 5 portas (único, já que o 3 portas só voltaria em 1998), além do seu sedã, que foi rebatizado de Verona para "Escort Sedan". As versões oferecidas eram a GL e GLX. Na terceira geração, o Escort ganha linhas arredondadas, como novos faróis, lanternas que invadiam a tampa do porta-malas, para-choque dianteiro e traseiro, novos retrovisores, grade, capô, rodas e o inédito pisca lateral, localizado no para-lama. A estrutura se manteve a mesma, tanto que é possível observar que o Escort e Verona de 1992/1993 possuem as mesmas portas do modelo de 1996. O interior também remedia a detalhes "ovais", padrão visual da Ford na época - vide o Ford Taurus, americano que chegou a ser importado ao Brasil.


Um dos destaques do motor 1.8 16v era suas marchas longas, que possibilitava viajar com altas velocidades e baixas rotações. O câmbio era o mesmo CHT, produzido na Argentina, que voltava a ser Ford. Mesmo com a mudança de nome, o Escort Sedan ou Verona nunca fez o sucesso que a Ford esperava. Como a linha Escort ficava mais velha e o lançamento mundial do Focus em 1998 como seu substituto fez com que a Ford diminuísse o leque de opções de todos os modelos. No fim de 1999, com a chegada do Ford Focus no Brasil, sucessor natural do Escort na Europa, o sedã e o hatch de 2 portas saem de linha pela baixa procura e o resto das versões tem apenas alguns retoques na grade e ganho de poucos equipamentos, para seguirem a ser vendidos até 2003, ano em que o Escort sedia de vez, o seu lugar ao belo Focus, bem mais moderno e que ganhava um sedã também, o Focus Sedan, lançado em 2002 para ocupar essa lacuna deixada pelo Verona, ou melhor, Escort Sedan.


Nesses 10 anos de mercado, cerca de 130.000 unidades do Verona foram comercializadas, sendo destas, 87.709 foram da primeira geração, única a fazer sucesso, com o melhor resultado de vendas em 1990 e 1991, com mais de 30.000 unidades por ano emplacadas.


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