Retrômobilismo#42: Dodge Charger, ícone nos EUA e no Brasil foi "piorando" com o tempo!


Como o Dodge Charger possui fãs. É como se o modelo ainda tivesse em linha. E em mim, quando penso em Charger, sempre o relaciono com o Estados Unidos da América, porque foi lá que ele começou sua bela trajetória em 1966. Chegou ao Brasil em Novembro de 1970 durante o Salão do Automóvel daquele ano, já como modelo 71, como o da foto acima. O Charger se distinguia do Dart pelo visual mais esportivo e pelas faixas decorativas no modelo, que ganharia personalidade nos anos seguintes, já que eram muito parecido com o Dart. Em seu visual, a famosa grade que escondia dos faróis acompanhou o modelo até 1979 e virou marca registrada do Charger. A famosa sigla "R/T" significava "road and track" que em português significa "estrada e pista", tinha muitos itens de série: bancos individuais, freios a disco dianteiros, câmbio manual de 4 velocidades, direção assistida, conta-giros entre os principais.


No visual tira rodas esportivas, coluna traseira alongada sobre os para-lamas, teto revestido em vinil, entre outros detalhes. O motor era o mesmo 5.2 V8 presente no Dart, mas que no Charger rendia 215cv, com torque de 42,9kgfm de força, potência maior graças a maior octanagem na gasolina (a Dodge pedia uso da gasolina azul) e tinha taxa de compressão maior. Chegava fácil aos 190km/h. Além da versão R/T era oferecida também a versão básica "Charger LS", que era mais simples que o R/T e não trazia algumas tecnologias como câmbio manual de 4 velocidades (era de 3 marchas) e a potência era um pouco menor, tinha 205cv de potência, com o mesmo painel do irmão Dart. Em 1973 a Dodge apresentaria a mudança que marcaria a história do Charger no Brasil. A frente mudava a ficava ainda mais invocada. Agora passavam a ter faróis duplos (o pisca ficava no meio deles) e novas lanternas.


Com essa mudanças suas vendas cresceram muito e passaram a intimidar os principais concorrentes do Charger, como Ford Maverick GT e Chevrolet Opala SS. A disputa em comerciais já existia naquela época, onde a Dodge dizia que "carro esporte com menos de 200cv é brincadeira", ironizando seus principais rivais. Já em 1974 a Chrysler equipava o Charger com novas faixas laterais, novas rodas esportivas e o inédito câmbio automático com alavanca no assoalho. Tinha 4 velocidades. Em 1974 viria a primeira crise de petróleo, onde os preços da gasolina dispararam de maneira assustadora e as vendas do Charger se refletiam, com quedas bruscas em vendas. Com isso, toda a linha Dodge passava a ter o sistema chamado de "Fuel Pacer System" que em português significava "sistema moderador de consumo de combustível". Com esse sistema, os repetidores de luzes de direção no para-lamas, à vista do motorista era acionando se o condutor "abusava um pouco mais" do carro. No mesmo ano, durante o Salão do Automóvel a marca apresenta outras mudanças no Charger, como novas opções de faixas laterais e painel de instrumentos.


Apesar da crise do petróleo ter afastado um pouco os clientes da Chrysler, isso não assustava a marca, mas sim a falta da gasolina azul, de maior octanagem para o Charger. Com isso, em 1976 a Dodge retirava de linha a versão LS do Charger, restando apenas o R/T em linha. O Charger R/T passava a receber mudanças como bancos mais altos, novo volante e faixas laterais. Já em 1977 a Dodge solucionava o problema do uso da gasolina azul ao reduzir a octanagem e a taxa de compressão, tendo então a mesma potência do Dart, com 198cv de potência e torque de 41,5kgfm de força. Em 1978 o modelo já não mostrava força e começa a perder alguns itens como entrada de ar no capô, teto de vinil que se limitava a parte traseira do Charger (não era mais em todo teto), padrão denominada como "Las Vegas", tendência seguida pelo Chevrolet Opala. Para ser ainda mais econômico, recebia pneus novos (radiais de série) e recalibração do carburador. No ano seguinte o Charger mudava por completo (para pior!) e recebia um visual totalmente diferente.


O visual era inspirado nas novidades da Dodge como o sedan LeBaron e o coupé Magnum. Ganhava maior conforto ao rodar graças a suspensão recalibrada e com melhor revestimento acústico. A novidade mantinha os faróis duplos, mas agora sem grade na dianteira, o que acabou se tornando um carro "normal" e sem personalidade, ao ficar quase igual às novidades da Dodge. Com isso o nome "Charger R/T" virava um carro mais para o conforto do que para a esportividade, o que levou muitos consumidores a procurarem outras opções. Tudo aquilo que o Charger tinha de melhor, foi retirado, como o conta-giros que sai de cena para a entrada de um "relógio", assim como os pneus radiais, que voltavam a ser opcionais, um retrocesso que acabar afastando consumidores. Em 1979, vítima da segunda crise do petróleo, a Chrysler-Dodge passou a ser da Volkswagen.


Em 1980 a Volkswagen voltava a "amedrontar" a Chrysler a comprar o restante de suas ações. Com isso, executivos da Volkswagen afirmaram que os modelos da Dodge não iriam sair de linha. Pura mentira. Isso foi dito apenas para esvaziar os carros que estavam nos pátios e concessionárias. Foi então que em Agosto de 1980, o Charger junto com Polara, Magnum, LeBaron e Dart saíram de cena no Brasil, entrando para a história da indústria nacional, como nossos verdadeiros esportivos. Foram comercializados apenas 16.198 unidades no país. Seguiu justamente o contrário de vários carros, que de acordo com o tempo, melhoram. No caso do Charger, piorou de acordo com o tempo, infelizmente. Prova disso é o último modelo, totalmente "fora da casinha" com a história do Charger.


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