Retrômobilismo#32: O cavalo da Ford que fez grande sucesso no Brasil chama-se Corcel!

O primeiro cavalo de guerra da Ford foi o Corcel. O médio começou a ser projetado na década de 60, mas nem era pra ser Ford e sim Willys. A Willys tinha entrado em parceria com a Renault que fariam um carro de porte médio. Na França deu origem ao grande sucesso Renault R12 e no Brasil o projeto M daria a Willys um forte carro para o mercado, mas a Ford acabou comprando a Willys no Brasil e acabou pegando o projeto para si, dando origem ao Ford Corcel, lançado em Novembro de 1968 e com presença confirmada para o VI Salão do Automóvel e logo depois foi lançado. A Ford tinha apenas um modelo no mercado até então, o Galaxie que você já viu na semana passada, o que fez a Ford crescer muito no mercado nacional. A Ford esperava que o Corcel fosse um sucesso de vendas e foi. Nos anos seguintes o Corcel marcava presença entre os 5 mais vendidos.

No primeiro mês de vendas o Corcel vendeu 4.500 unidades e quase nas 50.000 já em 1969. O Corcel trazia boas novidades para a época como circuito selado de refrigeração e coluna de direção bipartida. A estrutura era monobloco e a tração, dianteira, como nos DKW-Vemag, mas com um sistema bem mais moderno. O primeiro motor do Corcel era o 1.3 de 4 cilindros que rende 68cv de potência não era o melhor para empurrar os 930kg do Corcel mas cumpria seu papel. Com suspensão robusta e boa para o Brasil (que na época tinha estradas e vias piores que atualmente) mostrava ainda mais a força do Corcel. Tinha acabamento simples, mas justo. O Corcel começou a sofrer desalinhamento e acabava "matando" os pneus prematuro dos pneus o que fez a Ford convocar o primeiro recall do Brasil, convocando 65.000 unidades que deveriam ir até uma concessionária. A troca resumia-se em adotar uma altura média da caixa de direção e fixá-la definitivamente aí.

Com problemas resolvidos graças a chegada de um novo presidente no comando da Ford, o Corcel voltava a ser um sucesso de vendas. Em 1969 chegava a versão coupé de 2 portas que fez tanto sucesso quanto o 4 portas, fato que decidiu que a versão 4 portas não fosse lançada na geração seguinte, em 1977. Abrangendo todas as classes sociais, o Corcel fazia sucesso na época e tinha um fraco rival, que era o Volkswagen 1600. Em 1971 já se somavam 127.000 unidades do Corcel nas ruas. No mesmo ano o Ford ganhava nova grade dianteira mudança que é passada como despercebida, já que mudava quase nada. Ainda no mesmo ano o Corcel ganhava a versão GT XP que passava a usar motor 1.4 que rendia 85cv e era a versão esportiva do Corcel e fazia de 0 à 100km/h em 17 segundos e atingia a velocidade máxima de 145km/h.

 Em 1973 chegava a principal mudança na primeira geração do Corcel. O modelo ganhava novos faróis, grade e lanternas além de para-choque dianteiro e traseiro e adotava o novo logo da marca. O "esportivo" trazia duas faixas pretas paralelas no capô e nas laterais e faróis auxiliares de formato retangular na grade, esta também de desenho diferente. Em 1975 ganhava a versão LDO que significava em inglês "Decoração Luxuosa Opcional", era a versão mais luxuosa do Corcel e contava com interno mais requintado com novo painel e bancos. Vinha com teto de vinil grade cromada e rodas de aro esporte. Mas era em 1977 que o Corcel ganhava a segunda geração que trazia uma reformulação total, ficou conhecida por dividir a história do Corcel em "Corcel I" e "Corcel II". As linhas mais retas faziam alusão ao que tinha de mais atual na época que ficava maior nessa geração. As portas eram enormes e pesadas, o que era mais reclamado pelos donos, algo que perduraria até o fim de sua produção. Eram tão compridas que o cinzeiro para os passageiros do banco traseiro alojava-se nelas!

A nova geração tinha o mesmo motor 1.4 que rendia 85cv de potência e torque de 10kgfm nas versões normais e 89cv no esportivo GT. O Corcel II era vendido em três versões. A L, LDO e a GT. Em 1979 chegava finalmente um motor mais potente ao Corcel. Era o 1.6, associado a um câmbio de 5 velocidades, um dos primeiros nacionais a ter câmbio de 5 velocidades no Brasil (o primeiro foi o Alfa Romeo 2300). Esse 1.6 rendia 90cv de potência e um torque de 11kgfm, ia de 0 à 100km/h em 17 segundos e velocidade máxima de 145km/h. Em 1980, acompanhando a evolução do álcool no Brasil, chegava a versão com motor movido pelo combustível vegetal. Falava-se que era o melhor veículo a álcool produzido no país, pois pegava rápido, não demorava a esquentar, tinha pouca vibração e se mantinha regulado por muito tempo. Um pequeno logotipo nos pára-lamas dianteiros, com a inscrição Álcool e quatro gotas azuis em degradê, indicava o combustível utilizado. Em Março de 1980 chegava a versão Hobby (foto acima) que tinha acabamento simples e não trazia cromados pela carroceria.

Com a chegada do Del Rëy em 1981 a Ford se mexeu para promover mudanças no Corcel em 1982 e ganhava uma suspensão que foi alterada e o carro ficou mais firme, estável e seguro. No ano de 1983, a Ford efetuou diversas modificações no motor 1.6, que passou a se chamar CHT (Compund High Turbulence) e passou a entregar 73 cv na versão a álcool. Ao mesmo tempo, era lançada também a verão 1.3 CHT. Em 1985 toda a linha ganhava mudança na dianteira com nova grade, faróis, quadro de instrumentos, painel e volante que eram iguais ao do Del Rëy (Corcel azul, última foto). A mudança não agradou e fez o Corcel "cair do esquecimento" do mercado graças às novidades da época.

Com a chegada de novos modelos dentro da Ford como Del Rëy e Escort, sem falar nos concorrentes como Volkswagen Passat que também envelhecia chegava ao mercado o moderno Chevrolet Monza, que fez com que a Ford fizesse o último Corcel produzido em 21 de Julho de 1986. Marcou o mercado nacional pelo conforto, acabamento e mecânica de qualidade confirmada. No total foram produzidas 959.070 de unidades do modelos produzidos, um dos maiores sucessos da nossa indústria de automóveis. No Brasil o Corcel criou filhotes como a station Belina e a picape Pampa que seguiram em linha mesmo após o Corcel sair de linha. A Belina e Pampa passaram a integrar a família Del Rëy logo a saída de linha do Corcel.