Retrômobilismo#20: Como se esquecer do belo Volkswagen Karmann-Ghia no Brasil?

Como se esquecer do lendário Volkswagen Karmann-Ghia no Brasil? Um dos modelos mais icônicos da indústria automotiva brasileira, a Volkswagen o lançou por aqui em 1962, depois de 7 anos do seu lançamento no mundo. Na época, o Karmann-Ghia tinha vendas baixas, mas também pudera: era muito caro, custando o mesmo que um Simca Chambord, que era um dos modelos de maior luxo no país na época. Sua fábrica ficava em São Bernado do Campo (SP), e era muito parecido com o modelo europeu, que vinha com motor 1.2 que rendia 36cv de potência a 3.400rpm. Mas foi em 1967 que ele ganhou produção nacional com novo motor, um 1.5 que rendia 44cv de potência e 10,2kgfm de torque a 2600rpm, dando esportividade maior ao modelo, apesar de render muito aquém de um legítimo esportivo, mas para os padrões da época não era um desempenho tão ruim.

Além disso, o sistema elétrico passava de 6V para 12V, e o desenho das lanternas traseiras era modificado. No fim de 1967 era lançado o Karmann Ghia conversível, que atualmente é um dos modelos brasileiros mais raros e valorizados do país, já que foram produzidos apenas 176 unidades. Em 1969 vinha mais mudanças e o modelo ganhava uma bitola traseira maior, que deixava a roda traseira mais visível e com visual mais "esportivo". Em 1970 o Karmann-Ghia ganhava mais um motor novo, dessa vez o 1.6 que rendia 50cv de potência e um torque de 10,8kgfm de torque a 2800rpm, números melhores que o motor 1.5. Outras mudanças acompanhavam, como o sistema de freios que era substituído por freios a discos na dianteira e o modelo dos para-choques, que passou a ser uma única lâmina com dois batentes com protetores de borracha.

Era a última reformulação da primeira geração do Karmann-Ghia, que saía de linha no Brasil em 1972 onde no mesmo ano era apresentada a nova geração do Karmann-Ghia, que ganhava um nome adicionar, "TC". Surgia no mercado brasileiro o Karmann-Ghia TC, uma reformulação do modelo que lembrava e muito o Porsche 911, era uma geração especial para o Brasil, projetado pela Karmann alemã e italiana. Usava o motor 1.6 da Variant e do TL, que rendia 65cv com torque de 12,0kgfm de força a 4.600rpm era alimentado por dois carburadores de corpo simples, chegava a velocidade máxima de 145km/h. Era considerado um fastback e media 4,20m de comprimento, 2,40m de entre-eixos, 1,62m de largura e 1,31m de altura e pesava 920kg.

Apesar da nova "casca" o Karmann-Ghia TC tinha o mesmo interior do antigo Karmann-Ghia, mas tinha bancos mais modernos na frente, mas atrás ficava muito a dever, assim como quase todos os esportivos. A propaganda na época anunciava quatro passageiros, mas se fossem pessoas de estatura alta não conseguiria ir atrás, já que era baixo, podendo levar só "baixinhos". O painel era simples e oferecia velocímetro, marcador de nível de combustível e relógio de horas. Era um pouco mais barato que o antigo Karmann-Ghia, mas ainda era considerado caro pelo o que oferecia. Apesar de ter um visual bonito e moderno, alguns anos depois surgia o SP2, que era mais bonito, mais barato e acabou ofuscando a imagem do Karmann-Ghia TC. Ofuscado, o TC saiu de linha em 1975, depois de 3 anos de produção do novo TC, que deixava o SP2 como o "esportivo" da Volks. Tanto a primeira como a segunda geração não empolgaram graças aos fracos motores e os altos preços.

Com visual moderno para a sua época, os Karmann-Ghia e o Karmann-Ghia TC não fizeram tanto sucesso no país, apesar de até hoje arrancarem suspiros dos colecionadores, principalmente do conversível da primeira geração. Entre 1962 à 1972 foram produzidos 23.402 unidades da primeira geração, 176 unidades do conversível e cerca de 18.000 unidades do Karmann-Ghia TC, o que totalizava algo próximo de 41.600 unidades das duas gerações do Karmann-Ghia no Brasil. Hoje ambos deixam saudades como um dos únicos esportivos da Volkswagen, juntamente do SP2, mas que eram caros pelo o que ofereciam, além do claro dos motores "anêmicos" nas duas gerações, mas que acaram conquistando uma grande legião de fãs, não só no Brasil, mas no mundo!